Diário de Viagem Tour 2006
Oi!
Achei interessante colocar esse Diário de viagem da Tour desse ano! Nem corrigi direito, mas, relendo o que escrevi sinto tudo bem pertinho, com cores e tudo mais. Ao mesmo tempo é meio que "zerar" o conta giros pra outra p-ágina que vem por aí né? coisa boa!
Além de tudo, viajar...
Sabe que quando eu fui pro aeroporto, senti uma coisa estranha...o dia estava diferente. Uma zonzeira, um zumbido sem som, as cores da avenida Recife estavam sem a nitidez freqüente. Típico quando eu tenho uma Tour pela frente. Eu fico olhando da varanda do apartamento as árvores e os prédios e imagino...será que elas estarão diferentes quando eu voltar? Meu jeito de me despedir do Recife é estranho. Eu fico inquieto, e pisco os olhos mais do que o normal.
Dia 14 saimos e dia 15 chegamos em Lisboa, dormimos no avião em um lugar mais que inconveniente, próximo ao banheiro, então, a cada descarga, um forte som de vento aspirado....fxuuuuuuuiiiiixxxxxxxxxxiiiiiiiiiiiii...e eu levantava a cabeça e olhava todos dormindo feito anjinhos! Passamos rápido pela alfândega e já estávamos em outro Vôo para Paris, Orly.
Com a cabeça zonza do fuso de 5 horas a mais, entramos direto na Van e pegamos estrada para Lyon, terra natal de Allan Kardec, codificador da Doutrina espírita. Cidade linda. Cidade de ruas e prédios históricos, de amigos como a banda Mei Tei Sho e de um frio constante. Dormimos e saímos cedo para Marseille, que nos recebeu com aquele porto cheio de gaivotas planando e turistas enbevecidos com os bares bem pertinho dos atracadouros. Sem muito tempo pra pensar, fizemos um show Case de 30 minutos no Cabaret Aleatoire, transmitido pela rádio local. No outro dia uma entrevista para a revista Mondomix. Claro que saí na caçada de uma loja de computadores MAC, onde me delicio com os novos acessórios e programas.
O Show em Marseille foi no Le Balthazar.Não dá pra não comparar com a antiga Soparia de Roger. Lugar badalado em Marseille. Mandamos ver na medida certa, mesmo não usando os samplers por causa do tamanho da mesa.
Estrada para Amsterdã. 20/05/06
Maravilhosa cidade, é Amsterdã. Plana, com aqueles prédios de tijolinhos marron, com os Coffe Shop sempre em clima de Reggae, posters de Bob Marley e um cardápio sobre cada mesa com as mais variados tipos de maconha. O usuário escolhe por cheiro, forte ou fraca, Jamaicana, e se quiser, levar sementes para plantio particular. Essa legalização sempre nos impressiona.
Direto para a passagem de som no Tropentheater. O local do show é em um complexo cultural que reúne sala de espetáculo, galeria de arte, bar e hotel. Isso facilitou muito.O show rolou com precisão, mas, houve, pra variar, problemas com equipamento do teatro. Mesa pequena, queimamos nosso MD, mas, mandamos bem, sala lotada e eu tentando falar Francês pra um público Holandês.
Passeamos muito na cidade no outro dia. Fotografias, passamos pelo museu de cera com uma fila quilométrica para entrar, depois fomos aos famosos sexy Shop, onde casas abertas colocam modelos vivos em janelas de vidro, exibindo seus dotes para os que se aventuram. Eu fui em uma loja da Levi’s. Comprei adesivos em lojinhas de presentes, e terminamos o dia com uma chuva fina sobre Amsterdã e o frio cortante acelerou nossa despedida dessa louca, porém sedutora cidade.
23.05.06 Chegamos em Bruxelles, Bélgica.
Aqui, ficamos em uma casa gentilmente cedida pelo Vitor, nosso amigo de outras vindas. Uma aconchegante casa em um bairro próximo a Bruxelles. Casa projetada com vários ambientes, escada de madeira, quartos sempre quentinhos em clima de frio, sala com escadinha de acesso a cozinha e um quintal ladeado de vizinhos idosos que cultivam horta, tudo muito bem desenhado, com esmero que faz gosto.
MuzienPUBLICQUE-Festival/ No Teatro Moliére – Galeria Naamsepoort em Bruxelas, Bélgica. O Show foi o melhor dessa Tour. Som nos nossos monitores de ouvido impecável. Público participante e nosso roteiro fica mais forte para nós mesmos. Encontrei muitos produtores que estavam no Porto Musical desse ano, em Recife.
Hoje estamos em dia Off em Bruxelas. Uma chuva fina e constante na cidade, e um frio que faz vontade de ficar curtindo a casa aconchegante.
Muito som rolando nos PowerBooks, nos CD Players e no som da Van. Björk, Richard Wagner, Los Hermanos, Moby, Goran Bregovic, Mei Tei Sho, Nação Zumbi, Chico Buarque (Carioca, DVDs), Camille, o DVD de Tim Maia, Totonho e os Cabras...e por aí vai!!!
28.05.06 Estou em Paris
O show de lançamento foi ontem no espaço L’Ermitage. Maravilhoso! Tudo certo!
Paris está sombria, mas, o sol deu as caras hoje e transformou o domingo em um lindo dia pra passear e ver tanta gente de preto passeando nos parques e nas avenidas. Estamos na Avenue Jean Jaurés, perto do Parque de La Vilette, no Cite de la Music. Passeio legal também é ir pelas margens da Bacia do La Vilette. O ar está perfeito pra respirar.
Seguimos agora para Orleans(França) e depois pra Holanda.
PERAMBULANDO E VENDO AS PESSOAS
Aqui em Nijmegen, Holanda, parece que tudo dá certo. Do recolhimento do lixo tão rápido que nem parece ter lixo nessa cidade, até o comercio repleto de pessoas comprando, como se não houvesse problema econômico. Tudo funcionando bem nessa pequena cidade de pessoas “iguais” com os emergentes imigrantes presentes em toda parte da Europa.
Entre os dias 29 e hoje, 3 de junho, passamos por tantas cidades e 3 Países que a cabeça deu um nó. Orleans, França, Lille (França), Bruxelles e Antwepean (Bélgica), Utrech e Nijmegen (Holanda), inclusive nosso aeroporto de saída da Europa vai ser por Amsterdã. As pessoas muitas vezes parecem iguais, outras vezes parecem diferentes por grupos de imigrantes, isso confunde definir a qual grupo pertence determinados bairros e pessoas. Aqui em Nijmegen, onde estamos quase saindo para nosso ultimo show da Tour no 22nd Musicmeeting, a predominância de Holandeses é nata.
A Holanda acaba de empatar com a Austrália em um amistoso equilibrado. A Austrália empatou no segundo tempo com um gol de pênalti, no qual, a bola bateu na trave e de volta bateu nas costas do goleiro da Holanda, ele tentou afastar a bola mas o zagueiro de atrapalhou e o atacante Australiano deu uma bomba pro gol Holandês. Assistimos o jogo no quarto do Fabrício, nosso produtor de Tour.
Retorno ao Brasil via Lisboa. Hoje é 04 de junho, mas, só sairemos na madrugada do dia 5 via Amsterdam. Eu vou pro Rio de janeiro na quarta feira, fazer parte como convidado de um show no Circo Voador. Ou seja, mais saídas. Acho que só me aquieto na próxima segunda feira.
Bjork foi nossa trilha várias vezes nas estradas cinzas da Europa. Cds e DVDs ornamentaram nossas vistas buscando alguma cor em um verão que não chegava naquelas tardes e manhãs de estradas. O café nesses momentos parece um santo que vem atender nossas promessas. E quando vem com aroma de cacau....adoro essas combinações que o café pode oferecer, cacau, leite, e até uma bebida forte entra nesse mundo escuro, árido e suave do café. Café com creme.
Gling Gló faz parte de um CD que Yuri (guitarrista da banda) encontrou de bobeira na Fnac de Marseille. Bjork cantando com um trio de Jazz da Islanda. Soa maravilhoso, diluente nos ouvidos, mas ou mesmo tempo mantém minha busca de entender a distancia entre harmonia e melodia que ela faz inocente. O mesmo com a canção Luktar-Gvendur. A vassoura fica arrastando na bateria, feito piaçaba de Vovó no terreiro quante em Carpina. Eu acho que ela ta cantando em Islandês!!!!! O piano é um menino que picota sorrateiro a voz forte e redonda dela. Já viram as saias que ela usa?
O meu (re)encontro com o Recife sempre é desprovido de pensamento antigo. Eu sempre chego de viagem pensando no que vai acontecer amanhã com a paisagem que deixei antes. Se vai ter prédio no lugar da casa ou se alguma banda conhecida da Cidade gravou um novo disco. Enquanto o avião faz a curva entre o Ibura, o Jordão e a Av.Recife, soa no ipod “Overture”, a faixa que abre o Cd Dancer in the dark, cujo filme o choro no final parecia inevitável. Depois enquanto o avião aterrisa, o som das máquinas, parece que é de trem, locomotiva, tricota a voz da “doida”, como falava Wilson (Baterista da banda)! Conto de fadas urbano.
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1 Comentários:
cara, muito bacana! é uma memória muito viva, com detalhes simples, mas fundamentais pra dar esse vivo do texto.
vc já viu o dvd que o pão de açúcar fez do show em paris ano passado em comemoração ao ano do brasil na frança? então, nele aparecem o seu jorge e o lenine conversando sobre a formação do povo parisiense, da mistura... o seu jorge fez uma observação muito interessante: pra ele, as pessoas são metade francesas metade alemãs, metade francesas metade inglesas, metade francesas metade italianas... e no brasil somos brasileiros! vc tb percebe isso?
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