Escrever e coordenar uma trilha para um espetáculo de dança é algo desafiador e ao mesmo tempo divertido. Sempre cito diversão como um elemento presente para ser positivo viver. Tudo começou quando Valéria Vicente (coreógrafa) me convidou para ler um roteiro sobre o espetáculo FERVO, uma maneira diferente de ler algo sobre o frevo que sai do lugar comum de passistas de sombrinha coloridas e saias curtas dançando para os turistas que descem dos navios ou voam em pacotes folclóricos. O roteiro enfoca um período no qual o frevo serviu de trilha para conflitos urbanos e violentos. Tudo bem próximo do conturbado convívio metropolitano de hoje. Topei na hora. Me assutei. Dei risadas. Lí tudinho e me ví no meio da multidão empurrando e sendo empurrado para mais um banho de gente dançando frevo, hip hop, jazz e rock.

Convidei Yuri Queiroga, um jovem guitarrista e produtor que trabalha comigo em Tour na banda e que sonha com bases eletrônicas e ruídos no melhor bom gosto Amon Tobin. É nosso coletivo "Derruba Jazz".

Nada de repetir, e se preciso for, repetir diferente. Desconstruir.Ser cínico. Miles Davis. Dançar no "claro", e no escuro ,só se for bem acompanhado de uma dose forte de conhaque e uma revista em quadrinhos no bolso. Inverter valores do passado em valores pro futuro. Colocar Rock e jazz no Frevo, desde o projeto Microbio do Frevo! voce escutou? www.tratore.com.br

Algazarra com cheiro de cigarro, suor e cerveja. Mistura de timbres. Enquanto o compasso é ternário eles dançam binário. Uma valsa leva aos pulos, "Alice no país das maravilhas", Vila Lobos, que de tão leve, os dançarinos voam e andam em camara lenta!!!!!!! a trilha do som do frevo é mais pesada que a orquestra de todos os maestros juntos. Só se eles colocarem um naipe de guitarras ao lado dos trombones. Vamos deixar de ser justos e fazer um frevo in-justo. Vaiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!! ao lado de sons estranhos.
Assim é a trilha que eu e Yuri fizemos para o espetáculo de dança FERVO, da coreógrafa Valéria Vicente. Estréia dia 14 de setembro no Teatro Apolo. Imperdível!