TRADIÇÃO, MODERNIDADE E NOVOS RUMOS DA IDENTIDADE!
SALVE JACKSON DO PANDEIRO!
Um debate freqüente que sempre aparece quando vivemos alguma data significativa do calendário cultural de nossa cidade, é significar termos como cultura, cultura popular, tradição, identidade, valores, e o escambau! Sem querer escrever aqui algum tratado de sociologia, muitas vezes me percebo entre esses termos, buscando como discuti-los no espaço que trabalho, a musica. Inúmeras vezes tenho que ouvir pessoas me agradecendo por “defender a cultura”, “manter viva nossas tradições”, “levar a cultura aos novos ouvidos ou gerações”, e algo bem parecido com tudo isso.
Eu não defendo nada! Eu não protejo nada! Eu não recupero nada! Eu não resgato nada! Eu apenas optei por realizar um trabalho tendo como base o que eu tenho de hereditariedade, ao mesmo tempo buscando “cruzar”, “combinar”, experimentar, o que eu chamo de acessórios tecnológicos em minha musica. Se isso for modernidade, contemporâneo, atual, é o que estou processando em minha cabeça, e confesso, ainda não cheguei onde quero. Nem perto. Eu sou um processo. Kafka.
O termo Forró para mim, soa como Jazz, Blues, Rock, Punk e Dub. Possibilita tantas experiências e diversão, que nem imaginamos. Na real, a primeira bem sucedida loucura desse hibridismo, foi o CD “Baião de Vira Mundo”, produzido aqui em Recife pelo selo Candeeiro em parceria com a YBrazilMusic, e tendo como produtores Mauricio Tagliari, Pupilo, Marcelo Soares e Alex Antunes. O resultado é a subversão dos valores tradicionais em novos valores tradicionais “atualizados”. Uma tradicão mestiça com elementos urbanos e tecnológicos, a partir da obra de Luiz Gonzaga. Outro bom exemplo são os Cds de Totonho e os Cabras, esse, com maior nitidez, usa bases eletrônicas e coloca um cobertor de textos bem humorados e “nordestinos” aos Forrós e ramificações.
Recentemente o critico de musica do Jornal do Commercio José Teles, em várias materias sobre novos CDs lançados em tempo de São João e sobre as programações das cidades do interior, irritou empresários e políticos quando questionou a “qualidade” do que se oferece nesses palcos em nome do Forró, musica tradicional ou Cultura local. O poder do capital de investimento privado, ocupa as prefeituras de várias cidades e ao mesmo tempo as rádios. Essas, as “fazedoras” de massas, uniforme, e sem o mínimo critério de opção. Para mim, o 0x0 fica por conta do espaço virtual que vários trabalhos conseguem ocupar e promover suas propostas, idependente da execução nas rádios locais. E outro ponto, seria as rádios comunitárias em franca ampliação pelas comunidades e periferias.
A tradição é favorável ao novo. A cultura quando para de se transformar, termina no museu ou em alguma tese de mestrado. E pensando nos constantes movimentos migratórios, o que se cria nas cidades sofre forte presença dos valores que chegam do interior (culinária, moda, arte, cinema, musica). E mesmo compreendendo a força dos signos e símbolos, não se precisa usar chapéus de vaqueiro e gibão para se afirmar uma identidade já diluída na expanção da cultura urbana. E outra coisa, vamos alcançar o tempo que porteira de gado e aboio, vão se projetar via chip implantado na cabeça dos bois. E vai ficar mais fácil de se ter mais tempo pra beber, estudar, e comemorar a vida! Isso sim é subverter . Salve Jackson do Pandeiro!!
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3 Comentários:
ihe, quanta força
óia..
por essa semana eu reapareço!
beijo.
tá tão independente,ele.
não tenho nem o que dizer! se não bastassem o carisma e a musicalidade, o cara ainda bota pra foder nos textos. a cada dia encontro nas palavras de silvério um forte aliado. acho sua opinião sobre a cidade do caralho, viu?
bj
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