24.3.08
Ele falava nisso todo dia. Tornar a ser criança. Correr pelos campos e canaviais com o vento soprando no rosto até cair no açudinho que ficava perto da cozinha da Avó. Cheiro de mato molhado e Jaca caída no chão de palha. Fumaça de fogão de lenha e passarinho cortando os ares. Ele falava nisso todo dia. Voltar o tempo, máquina do tempo, Lei de gravitação, mergulho na nave do tempo. Voltar a ser criança com a alma adulta de agora. Que experiência!
Eu sempre o via passeando pela praça, olhando as vitrines de cursos diversos de Inglês e suspirando. Bicicleta passando e a criança dentro dele. Poeta dos consagrados ele pensava; eu escrevo o que vivi no interior, na zona da mata. E aqui a tecnologia engoliu tudo, mas, não me engole não. Ele sempre pensava mais a tardinha, quando o sol estava indo embora bem em direção ao campo.Ele falava nisso todo dia quando olhava o filho desenhando na mesa da sala.
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1 Comentários:
Nossa, lendo teu post e lembrando da minha infância, tão parecida com a tua! Beijão, querido, texto lindo!
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